Relação final: o trio que move sua moto e cobra caro quando é negligenciado

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Você pode ter o melhor motor, o escapamento mais barulhento da quebrada e até a vela de irídio na ponta da agulha. Mas se a relação final estiver mal cuidada, a moto vai parecer uma carroça com freio puxado. A famosa trinca corrente–coroa–pinhão, chamada de “kit relação”, é um conjunto que trabalha pesado e em silêncio. Até dar problema. E quando dá, o susto pode ir de prejuízo no câmbio até uma corrente solta voando na canela — ou pior: travando roda em alta.

A boa notícia? Com um mínimo de atenção e manutenção preventiva, esse conjunto pode durar bem mais e funcionar liso como corrente nova em graxa fresca.

Como funciona e por que é tão crucial?

O kit de relação é responsável por transmitir a força do motor para a roda traseira. O pinhão (pequeno) fica ligado ao eixo do motor, a coroa (grande) está na roda traseira e a corrente faz a ligação entre os dois. Simples no conceito, mas cruel na exigência.

Se a corrente estiver frouxa, a moto dá trancos nas trocas de marcha, aumenta o desgaste da coroa e pode até escapar. Se estiver apertada demais, força os rolamentos, puxa o eixo e afeta até a caixa de direção.

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Tradução: ajuste errado = efeito dominó de problema.

Quando é hora de trocar o kit?

Se liga nos sinais clássicos:

  • Corrente esticada no máximo da regulagem e ainda folgada
  • Dentes da coroa e do pinhão afinando ou ficando “curvados”
  • Corrente fazendo barulho seco, mesmo lubrificada
  • Dentes da coroa parecendo “garras” ou com folga lateral visível
  • Corrente pulando nos dentes quando você acelera de leve

E nunca caia na armadilha de trocar só uma das peças. Isso é economia burra. As três peças se desgastam juntas — trocar só uma delas gera desgaste precoce da nova.

Como cuidar do kit de relação e evitar dor de cabeça

  1. Lubrificação regular:
    Use graxa específica para corrente (spray ou pasta), a cada 500 km ou sempre que pegar chuva. No uso off-road ou urbano pesado, encurte esse prazo.
  2. Limpeza:
    Limpe a corrente com querosene e pincel. Nada de diesel, WD40 ou gasolina, que podem ressecar os o-rings. Secou? Lubrificou. Simples.
  3. Tensão ideal:
    Com o piloto sentado, a folga da corrente deve permitir um movimento de 2 a 3 dedos no centro inferior. Manual do proprietário é rei aqui. E sempre ajuste dos dois lados igualmente.
  4. Verificação periódica:
    Uma inspeção visual a cada 1000 km salva grana. Corrente torta, link com folga ou ponto rígido? Melhor antecipar a troca do que esperar ela voar.

Upgrade ou original?

Se sua moto permitir, vale considerar correntes com o-ring ou x-ring, que têm maior durabilidade e proteção contra sujeira. São mais caras, sim, mas custam menos a longo prazo.

Para quem faz trilha ou uso intenso, kits reforçados com pinhão/coroa de aço temperado podem aguentar bem mais pancada. Já para street ou scooters, o foco deve ser em alinhamento perfeito e lubrificação constante.

Fechamento:

O kit de relação é um daqueles conjuntos que não perdoam desleixo. Deixar frouxo demais, apertar além da conta, rodar sem lubrificar ou ignorar barulhos são erros que custam caro — e colocam a segurança em risco. No mundo das duas rodas, cuidar da corrente é cuidar da sua vida. Literalmente.

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