A Amazonas 1600, também apelidada de “Motovolks”, foi criada no final dos anos 1970 pelos mecânicos Luiz Antônio Gomide e José Carlos Biston, no auge da política protecionista do regime militar, que proibia a importação de motos de alta cilindrada. O resultado foi uma moto nacional, monumental – com motor de Volkswagen 1.584 cc boxer e peças de Fusca, Passat, Corcel, Mercedes, Ford… um verdadeiro Frankenstein das estradas

Características excepcionais
- Dimensões monstruosas: cerca de 2,32 m de comprimento, 1,67 m de entre-eixos e mais de 380 kg — chegando a pesar até 407 kg
- Motor boxer VW 1.584 cc, refrigerado a ar, com cerca de 56 cv e torque de 10 – 10,8 kgf⋅m
- Velocidade máxima estimada entre 133–144 km/h, aceleração de 0–100 km/h em cerca de 9–10 segundos
- Câmbio de 4 marchas + ré, com embreagem customizada, evidenciando o grau de engenharia artesanal
- Freios a disco duplos na dianteira (origem Corcel/Variant) e suspensão com garfos telescópicos, tudo adaptado de carros da época
Produção & impacto
- Produzida entre 1978 e 1988, inicialmente por AME (Amazonas Motocicletas Especiais), com modelos Turismo Luxo, Esporte Luxo, Militar Luxo e versões policiais
- Produção total estimada entre 450 e 700 unidades, incluindo cerca de 100 para Polícia Militar de SP e Polícia Rodoviária Federal
- Exportações surpreendentes: unidades enviadas para EUA, Japão, Europa e Kuwait

Engenharia criativa em terras brasileiras
A invenção da Amazonas nasceu da necessidade. Sem acesso às importações, seus idealizadores criaram uma gigantesca moto nacional com peças acessíveis. O batismo “Motovolks” indicava sua base VW, e a homologação pelo IPT-USP comprova o nível técnico da obra
O fim de um ciclo e legado
Em 1986, o empresário Guilherme Hannud Filho assumiu a AME, que continuou produzindo até 1988 — mesmo após a abertura do mercado de importados
Em 1990, a dupla lançou um novo modelo, a Kahena ST1600, mas com produção limitada e artesanal, encerrando de vez no fim dos anos 1990
O nome “Amazonas” voltou em 2006 com motos de 250 cc em parceria com a chinesa Loncin, porém a retomada terminou em 2010

Por que essa história encanta até hoje?
- Criação genuína nacional em cenário adverso.
- Uma moto única no mundo: enorme, potente, com ré e inspirada por engenharia automotiva.
- Curiosidade internacional: obra inusitada que caiu no radar dos exportadores.
- Ícone nostálgico: para colecionadores, a Amazonas é o “dinossauro” das duas rodas brasileiras.
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