Com trajetória marcada por ousadia técnica e resultados expressivos, Gigi Dall’Igna transformou projetos visionários em títulos e consolidou a Ducati como referência mundial em inovação nas pistas.
Origem e formação

Luigi “Gigi” Dall’Igna nasceu em Thiene, na Itália, e formou-se em engenharia mecânica pela Universidade de Pádua. Desde cedo, mostrou interesse por soluções estruturais aplicadas à competição. Sua tese de graduação já apontava para a área de chassis e desempenho, prenunciando a carreira que seguiria.
Primeiros passos na Aprilia

Em 1992, Dall’Igna ingressou na Aprilia Racing, onde rapidamente ganhou espaço. Trabalhou inicialmente em motores, mas logo passou a liderar projetos completos. Entre eles esteve a RS Cube, a primeira moto quatro-tempos da fábrica na era MotoGP, que, apesar de não alcançar sucesso esportivo, ficou marcada pela ousadia tecnológica.
Mais tarde, foi o principal responsável pela RSV4, modelo que se tornaria um dos mais vitoriosos da história do Mundial de Superbike (WorldSBK), conquistando títulos e reforçando a reputação da Aprilia como fábrica de ponta.
A virada na Ducati

Em 2013, Gigi Dall’Igna foi contratado pela Ducati Corse para liderar o departamento de competição. O objetivo era claro: recuperar a competitividade da marca na MotoGP. Sua chegada marcou uma mudança de filosofia dentro da fábrica, aproximando engenharia, pilotos e análise de dados em um processo integrado.

Sob sua gestão, a Desmosedici GP passou por uma evolução contínua. O trabalho incluiu avanços em aerodinâmica, eletrônica, integração entre motor e chassi e, sobretudo, no desenvolvimento de um ambiente que permitisse atualizações rápidas ao longo da temporada. Essa abordagem colocou a Ducati no topo do grid, acumulando vitórias e títulos em diferentes categorias.
Inovações e legado técnico

O estilo de Dall’Igna combina ousadia e pragmatismo. Se, na Aprilia, projetos como a RS Cube demonstraram o risco de avançar além do tempo, na Ducati o engenheiro equilibrou inovação com consistência. Entre suas principais contribuições estão:
- Aerodinâmica avançada: a Ducati foi pioneira no uso de asas e dispositivos de controle aerodinâmico, que mudaram o conceito das motos de MotoGP.
- Gestão de dados e integração técnica: desenvolvimento de processos que uniram engenharia de fábrica e feedback imediato da pista.
- Aprimoramento contínuo: em vez de grandes saltos arriscados, a Ducati passou a adotar uma filosofia de evolução incremental, garantindo confiabilidade sem abrir mão da performance.
Impacto e resultados

Nos anos seguintes à sua chegada, a Ducati acumulou dezenas de vitórias e centenas de pódios, retomando o protagonismo perdido desde a era Casey Stoner. A partir de 2020, consolidou-se como a principal força técnica do campeonato, disputando títulos mundiais e definindo tendências seguidas por outras fabricantes.
Curiosidades
- O apelido “Gigi” vem de Luigi, seu nome de batismo.
- A RS Cube, considerada um fracasso esportivo, hoje é lembrada como laboratório que antecipou soluções usadas anos depois em outras categorias.
- Dall’Igna é descrito por colegas como um engenheiro de gabinete que se adaptou ao papel de gestor, equilibrando análise de dados com a visão prática da pista.
Por fim
Gigi Dall’Igna é mais que um engenheiro de sucesso: é um nome que redefiniu a forma como as fábricas italianas encaram o desenvolvimento de motos de competição. Da Aprilia à Ducati, sua trajetória é marcada pela combinação de visão técnica, gestão estratégica e resultados concretos. Sua influência permanece central no futuro da MotoGP e do motociclismo mundial.
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