Campeão de 2021 admite sensação pior na nova M1 e vê poucos avanços após segundo teste com a moto que estreia em 2026
A Yamaha deu mais um passo no desenvolvimento de sua nova MotoGP com motor V4, mas o clima no box não foi de entusiasmo. Fabio Quartararo, campeão mundial de 2021 e principal piloto da equipe, saiu desapontado após testar a nova versão da M1 durante os treinos de Misano nesta segunda-feira (15).
Depois de fechar a sessão da manhã apenas na 17ª posição, a mais de um segundo de Álex Márquez (Gresini), o francês não escondeu a frustração. “No momento, está pior”, declarou Quartararo, comparando o protótipo V4 à atual versão de quatro cilindros em linha.
Segundo contato com o V4
Esse foi o segundo teste oficial de Quartararo com a nova máquina, que deve estrear na temporada de 2026. O primeiro aconteceu em Barcelona, em um ensaio privado realizado na semana passada. Se na Catalunha o francês havia notado “alguns pontos positivos”, em Misano ele não encontrou a mesma confiança.
“Em Barcelona, sentimos alguma diferença, que para mim foi melhor. Aqui, ainda não a encontramos”, explicou. “No momento, não vejo nenhuma melhoria na área que realmente precisamos fazer. Mas, como a equipe disse, ainda há uma margem, teoricamente”.
Ceticismo sobre a mudança de filosofia
Nos últimos anos, a Yamaha vinha batendo no teto de evolução com o tradicional motor de quatro cilindros em linha. A mudança para o V4 representava uma guinada na filosofia da marca, mas Quartararo acredita que apenas o novo propulsor não será suficiente para recolocar a fábrica entre as protagonistas.
“Não acho que o motor V4 resolverá todos os nossos problemas, porque ainda encontramos os mesmos em Barcelona e aqui”, afirmou. “A moto é super agressiva e ainda temos muito trabalho a fazer”.
O francês também comparou os traçados: “Barcelona é uma pista mais suave, com curvas encadeadas. Em Misano, temos sequências mais críticas, como 1-2-3 e 11-12-13. Lá [em Barcelona] parecia um pouco melhor, mas aqui ficou evidente que ainda falta muito”.
Problemas de comportamento
O piloto de testes da Yamaha, Augusto Fernández, já havia destacado dificuldades no comportamento da dianteira da M1 durante o GP de San Marino. Questionado sobre isso, Quartararo foi além: “Não é realmente uma questão de sensação frontal, é uma questão de curvas. A frente do quatro em linha sempre foi muito boa, é o ponto mais forte da moto. Mas agora, no V4, talvez esteja até um pouco pior e não encontramos nenhuma outra área positiva ainda”.
Um futuro incerto
A Yamaha aposta todas as fichas no desenvolvimento da M1 V4 para 2026, mas o discurso cauteloso de seu principal piloto deixa no ar uma incerteza. Enquanto rivais como Ducati, KTM e Aprilia consolidam projetos vencedores com motores em V, a marca dos três diapasões ainda tenta encontrar identidade nessa transição.
Se por um lado a mudança era inevitável, por outro Quartararo já sinaliza que a jornada será longa: “É isso que vamos tentar, e tentar descobrir o que é possível”.
