A MotoGP sempre foi um laboratório de soluções extremas para extrair cada milésimo de segundo das motos. Entre essas tecnologias, uma das que mais chamou atenção nos últimos anos foi o holeshot device, o dispositivo responsável por abaixar temporariamente a suspensão e permitir largadas e acelerações quase irreais. No entanto, apesar da eficiência comprovada, ele também se tornou alvo de debates, restrições e discussões sobre seu futuro.
O que é o holeshot device?
O holeshot device é um mecanismo mecânico instalado nos sistemas de suspensão da moto com a função de reduzir a altura da dianteira, da traseira ou de ambas durante momentos específicos — geralmente na largada e na saída de curvas de baixa.
Ao acionar o sistema, a moto fica mais baixa, reduzindo o centro de gravidade e diminuindo a tendência de empinar. Isso gera melhor tração, mais estabilidade e acelerações muito mais fortes.
Como os pilotos acionam o sistema?

O piloto ativa o mecanismo manualmente, normalmente através de:
- um gatilho próximo ao manete,
- um pino no garfo,
- ou um controle integrado na mesa.
Na largada, ele abaixa a dianteira (front holeshot). Em acelerações, pode acionar o sistema traseiro — conhecido como Ride Height Device (RHD).
Quando a moto atinge certa velocidade ou faz o primeiro ciclo de frenagem, o dispositivo libera automaticamente, permitindo que a suspensão volte ao curso normal.
Por que esse dispositivo faz tanta diferença?
A principal limitação da aceleração em motos de altíssima potência é o wheelie. Com o holeshot device:
- a moto empina menos,
- transfere melhor a força para o asfalto,
- ganha aceleração mais limpa,
- e mantém a roda dianteira controlada.
Na prática, significa ganhar vários metros na largada e uma vantagem considerável em saídas de curva — crucial em disputas apertadas.
Impacto na MotoGP e polêmicas
Com o crescimento da eficiência do sistema, equipes passaram a desenvolver versões cada vez mais complexas. O dispositivo começou a ser usado não apenas na largada, mas também durante a corrida, levantando discussões sobre custos, segurança e o aumento do gap tecnológico entre fabricantes.
A Dorna e a FIM passaram então a limitar e gradualmente restringir o uso:
- O front holeshot device foi proibido.
- O traseiro (Ride Height Device) segue permitido, mas com regras mais rígidas.
O argumento é simples: manter custos sob controle, evitar disparidades e priorizar habilidades do piloto.
Por que ele chamou tanta atenção do público?
Porque os pilotos hoje precisam realizar múltiplas ações simultâneas na largada: segurar embreagem, controlar giro, posicionar o corpo e ainda acionar o dispositivo. Nas câmeras onboard, é comum ver o piloto “travando” a suspensão e a moto descendo de altura.
É esse detalhe que permite arrancadas tão fortes, que muitas vezes decidem metade da prova logo na primeira curva.










